domingo, 29 de abril de 2012

Resenha: A Menina Que Roubava Livros



Liesel foi forçada a se separar dos pais por causa da guerra. Na Alemanha Nazista, teve de conviver com pais adotivos de origem muito pobre,todos muito sujeitos a suas próprias insignificâncias. Mas Liesel não se esqueceu do seu primeiro momento com o fantástico. A primeira vez que teve um livro. E o livro foi o seu consolo para o abandono, a sensação de solidão e para a morte de seu jovem e inocente irmão, causa principal de seus devaneios durante o sono, muito antes de sua vida mudar de pais, de ares e de rotina.

Quem conta esta história não é um narrador observador qualquer. Quem narra a vida de Liesel é a Morte, e falo isso ignorando todas as contradições. A morte acompanha de perto a vida da garota magrela e sempre insinua os acontecimentos que virão para a sua vida. E quando a morte resolve te contar uma história, você se recusaria a ouvir?

O best-seller mundial A Menina Que Roubava Livros é o livro que abrange a narrativa da criança e da guerra e que entrelaça os personagens e o fato, e a indiferença da classe pobre para a extensão do problema da guerra, até que o problema da guerra chegue de uma forma bastante perigosa para eles.

É complicado tentar definir melhor ou pior parte no livro, que é um arranjo muito bom de diálogos e períodos. A crescente expectativa de que uma coisa ruim possa acontecer aos personagens que estão tão inseridos no drama nazista é duro de ler e difícil de encarar simplesmente como livro para entretenimento.

Quando, particularmente, leio livros com a temática nazista, mesmo que seja um romance, eu penso no universo que isso abrange, em todo o fato, naquele medonho acontecimento real que destruiu tantas vidas e tanta esperança na humanidade. E lendo o livro A Menina Que Roubava Livros, tenho uma sensação muito diferente dessas que eu geralmente sinto, porque os personagens do livro estão muito alheios ao terror da guerra até mesmo pela falta de informação.

O importante é que, tal alienação para a guerra faz com que uma nova dimensão abrace os personagens e, dessa maneira, eles conseguem conviver consigo mesmos e com a miséria que os aguarda. Caso eles estivessem muito fixados na guerra, poderiam viver? É o que acontece com Liesel e seus livros, que são as coisas que a afugenta do constante pesadelo com a morte e a saudade intensa que sente da família verdadeira. É o que acontece com o pai pintor quando ele toca acordeão. Com o judeu, que sonha em nocautear Hitler. E com a mãe adotiva que xinga a sua filha e se preocupa com coisas muito pequenas, como as traquinagens da pequena Liesel, tão jovem, tão sem noção ainda.

É muito difícil não se apegar aos personagens, principalmente ao pai adotivo da Liesel. Ele, no livro, e o personagem judeu que ele acaba por tendo a obrigação de abrigar em sua casa, são os que parecem ter mais noção do que está acontecendo ao redor, até mesmo por eles serem dois párias da sociedade, cada uma a sua maneira.

Dentre os personagens, o judeu é muito particular. Ele ajuda Liesel com o sentimento de igualdade e com um livro novo e a fantasia de um mundo diferente. E quando há a quebra desta relação, há também uma quebra significativa da esperança que o leitor possa sentir em relação a vida de todos os personagens.

O livro não é difícil de ler, muito pelo contrário. E talvez por isso mesmo, muitas pessoas demorem a ler AMQRL pelas folgas de leitura, que são justamente as partes curtas em que a morte adianta ou atrasa alguma informação.

O fato é que o livro AMQRL nos deixa com uma sensação tão profunda, que paira ao inexplicável. Compara-se, em minha humilde opinião, ao fim de O Pequeno Príncipe, mas com menos emoção. A comparação se dá no sentido de que podemos nos emocionar com coisas que são simplesmente complicadas de se dizer. Coisas que não sabemos porque sentimos, mas que temos certeza que são coisas que nos faz bem mais humanos.

A Menina Que Roubava Livros foi escrito por Markus Zusak, tem 494 páginas e foi publicado pela Intrínseca.

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